segunda-feira, 10 de outubro de 2011

NASCER FELIZ

 
Eu vejo a esperança de um mundo melhor, mais justo e harmonioso como uma pequena semente descansando dentro da terra. Ela pode ficar lá por muito tempo, anos, milênios a fio, e nunca despertar, brotar, crescer e dar frutos com novas sementes. Ela pode ser frágil, romper-se com dificuldade das cascas que a envolvem, guiar seu broto no caminho da luz e conseguir alcançar o seu mais nobre intento que é frutificar. Durante esse processo, ela poderá sofrer todo tipo de ameaça, ser pisoteada, morrer por falta de cuidados ou queimar na intensidade do calor do sol. Tantas coisas podem acontecer com a nossa esperança-semente. Mas não podemos negar que ela é a base, o princípio fundamental para que este tão sonhado paraíso aconteça aqui e agora, em nosso incrivelmente maravilhoso planeta Terra.
Sabendo disso, imediatamente desejamos conhecer quais são suas necessidades, para que possamos nutri-la corretamente e ajudá-la em seu percurso rumo à plenitude. A semente de nossa esperança cresce no solo fértil da paz e do amor, tem sede de alegria, fome de liberdade, vontade de descobrir-se e de descobrir o mundo, necessidade de carinho e de zelo, de respeito e dignidade. Nossa semente-esperança precisa ser ouvida atentamente. E para isso é preciso ouvi-la com o coração.
Nossa esperança-semente tem um nome. Chama-se Nascer Feliz. Ela é a certeza de que um mundo melhor só pode acontecer quando os seres humanos cuidarem melhor daqueles que estão chegando aqui. Que sejam gerados, gestados, paridos e cuidados com amor, consciência, alegria e respeito. Que as mulheres sejam corretamente informadas sobre tudo que envolve esse momento tão único da vida que é a gestação, que não lhes infundam medo e incertezas, mas confiança e alegria. Que sejam livres para escolher como, onde, em que posição e com quem querem estar no momento de dar a luz aos seus filhos. Que palavras doces e mãos amigas sejam dedicadas a elas. Que haja silêncio e pouca luz para que naturalmente se deixem levar pelas ondas do nascimento e desabrochem como uma flor. Que seus instintos naturais possam guiá-las, ao invés de ordens expressas com aspereza. Que nenhum procedimento seja realizado por simples rotina e sem explicações. Que os recém-nascidos sejam colocados imediatamente em contato pele-a-pele com a única coisa que até então eles conhecem – suas mães - e assim sintam-se pacificados diante de tão assombroso evento que é o nascer. Que esse momento seja abençoado. Que a correta orientação ao aleitamento materno seja fornecida a todas as mães. Que tudo que se segue seja feito com carinho e amor. Que deixemos de ser números dentro dos hospitais e de todas as instituições. Que a Natureza siga seu rumo e saibamos respeitá-la cada vez mais.
Que todos os seres sejam felizes!
Que todos os seres vivenciem a plenitude e a felicidade!
Que todos os seres tenham paz!

Adriana Valverde