quinta-feira, 12 de maio de 2011

O feminino precisa descobrir o Feminino.


Feminilidade, Sagrado Feminino, Espiritualidade Feminina...
Hoje, é muito comum encontrarmos materiais desse cunho nas redes sociais ou quando abrimos nossos e-mails.
Claro, em plena Era de Aquário, o Feminino, a mulher e a Terra são assuntos do momento, afinal o planeta está ruindo e blá-blá-blá...
Me utilizo muito dos termos acima em cursos e círculos; porém, percebo que cada vez mais aparecem apelos com esse tema por ser um nicho marketeiro e rentável. Pois bem, que seja!
O público feminino, segundo pesquisas, é o público que mais investe em si mesmo. Mas, com tanta oferta, desde produtos de consumo a cursos vivenciais, quais critérios se utilizam para escolher?
Será que o público feminino sabe valorizar o Feminino? (vou mencionar Feminino com “F" maiúsculo para sinalizar a referência que faço ao seu aspecto sagrado, profundo, ligado a experiência pessoal e psicológica desta natureza).
Como mulheres modernas, fruto de uma geração dirigida pelo patriarcado, aprendemos bem a ter critérios; afinal, existem certificados e diplomas para nos assegurar das qualidades para tudo aquilo em que decidimos investir nosso tempo e nosso dinheiro.
E assim, assinando papéis, analisando rótulos, seguindo regras e exigindo contratos vamos deixando de exercitar nosso "faro", nosso "radar" e a confiança nas nossas sensações vão se enfraquecendo. E perdemos, pouco a pouco, a segurança em nosso discernimento para escolher aquilo que realmente nos favorece.
É muito comum as pessoas escolherem produtos pelo rótulo, pelo nome, freqüentarem locais pela publicidade, e assim também fazem as mulheres quando vão escolher exercitar ou aprender mais sobre o Feminino.
Já vi amigas que escolheram cursos utilizando os mesmos critérios habituais de: Com base em... Formada em... Certificados de... E saem da experiência com uma receita pronta, sem ao menos terem vivenciado algo delas que fosse verdadeiro.
Por trás de toda a poética e real necessidade da reemergência do Feminino, como boas filhas do patriarcado, ficamos “correndo atrás da própria cauda” quando em nossas escolhas repetimos os padrões que legitimam os moldes materialistas!
Em contrapartida, entre as pessoas que oferecem um trabalho ou realizam círculos ligados ao Feminino cria-se uma torturante e silenciosa corrida em direção a uma formação que lhes confira algum tipo de especialidade, por exemplo, hipoteticamente, "Femenologia", como que para transmitir segurança, diminuindo o valor daquelas mulheres dotadas apenas de suas vivências e experiências.
Fazer escolhas de modo racional e científico precisa ser modificado no comportamento que anseia ancorar o Feminino, pois neste universo uma mulher com experiência de uma visão profunda da vida certamente será mais preparada do que qualquer outra que tenha mil formações.
As referências de uma boa instrutora acontecem de modo informal, circular, por indicação e vai num crescente como uma espiral: quanto mais vivência, mais elos, mais referências, mais autoridade...
Para as mulheres contemporâneas, seguir sua essência Feminina não é uma tarefa fácil, pois é participar de fato o tempo todo de sua própria transformação. É constatar que seguir os instintos é ir contra tudo o que se aprendeu ser correto. Não é cômodo, muito menos uma via fácil para se ter status. Mas é um caminho seguro, dotado de liberdade em todos os sentidos: emocional, espiritual, sexual, psicológico.
É uma via de conhecimento diferente: adquire-se pela tradição das relações, do compartilhar, orientar, questionar a vida; pelas experiências e vivências desafiadoras psico-corporais-espirituais que nos oferecem nossas fases enquanto mulheres! Vem do quanto arriscamos nos conhecer, depois do risco de confiar em nós mesmas, mesmo sem ter um documento que nos atribua uma autoridade; vem pela prática de crises e encorajamentos que vivenciamos em nós mesmas e nas mulheres que amamos.

Correr o risco de vivenciar a nós mesmas enquanto corpo, ciclo, sexualidade, sentimentos, fases, envelhecimento, luz e escuridão é uma bagagem que legitima a autoridade nos assuntos do Feminino!
Mas como saber? Faz parte da própria jornada a escolha pelo instinto, o exercício do "faro"! Faz parte correr o risco de confiar nas nossas sensações e isso é Feminino!
Começando pelas pessoas que atraímos para nosso aprendizado e aquelas que se escolhe caminhar, trocar, compartilhar e aprender, vamos recuperando o "radar", o elo de ligação profunda com a vida, com a terra e umas com as outras. Assim, reaprendemos a escutar a voz que vem do fundo da alma, ao invés da voz do medo das regras, da falta de status ou de títulos.
Investir em nossos talentos, usar o que já possuímos, ter coragem de ir em frente e se expor, mesmo sem um papel que nos dê “licença”, e confiar em nós mesmos, simplesmente porque sim, de fato é mudar um padrão!
E, embora seja realmente uma escolha e um portal que atravessamos solitariamente, nós não estamos sozinhas. Dizem que quando o aluno está pronto, o mestre aparece. Com um pouco de sorte, encontramos não uma mestra, mas muitas no caminho onde os mistérios mais profundos do Feminino possam ser revelados.

Entre mulheres de confiança, podemos, efetivamente, nos fortalecer, nos expor, compartilhar e exercer o discernimento com escolhas que realmente enalteçam a nossa essência!
(Texto: Dúnia La Luna)

(Referências das Figuras: 1-Afonse Osbert, 2-Katlyn Breene, 3- William Waterhouse)

2 comentários:

  1. Adorei, Dunia! Fez muito sentido pro meu momento presente... grata por compartilhares! Um beijo!

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  2. Oi Letícia, que bom que gostou!
    Bjos

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